Empreendedorismo, Arquitetura e Urbanismo

Nesta semana a REDESS apresenta a entrevista com a empreendedora e arquiteta Leticia Monteiro Nogueira. Além de acreditar no poder de transformação que a arquitetura oferece em nossas vidas e hábitos, tem por missão transformar ambientes em locais personalizados, acolhedores e funcionais. Ela é apaixonada por sentimentos e sensações, e isso é percebido em cada trecho da entrevista. Confira!

Leticia_Monteiro

– Nome

Leticia Monteiro Nogueira

– Formação

Graduada em Arquitetura e Urbanismo e Pós graduada em Design de Interiores

– Profissão

Arquiteta de Interiores (Site: lmninteriores.com.br)

– Como a arquitetura pode transformar vidas?

Leticia: Eu acredito que a arquitetura pode gerar qualidade de vida através das transformações dos espaços. O ambiente dita como vamos nos comportar dentro dele, o que vamos sentir e como seremos estimulados.

Se você pensar em um espaço urbano vazio e subutilizado, quando transformado em uma praça pública ele gera socialização das pessoas que passam por ali, proporciona bem estar visual e físico através das vegetações presentes, se tornando um lugar de troca e referência sentimental.

Pensando em uma residência, você melhora o dia a dia das pessoas em questão de funcionalidade e praticidade, transforma a sensação que ela tem naqueles ambientes trazendo acolhimento e pertencimento.

Em um ambiente comercial ou uma loja existem maneiras de tornar o ambiente agradável e prazeroso, melhorando a produtividade dos funcionários sem esquecer de sua humanidade.

Arquitetura não é somente uma questão estética, é uma condição social que transforma espaços em lugares.

– Qual a melhor forma de projetar sensações nos ambientes num período de pandemia?

Leticia: Luzes, aromas, plantas e texturas, independente da pandemia. Ativar nossos sentidos é o que nos gera sensações, sejam elas positivas ou negativas. Pensando em criar um ambiente que nos gere bem estar e aconchego durante esse período de isolamento as dicas seriam: luz natural durante o dia, para ativar os hormônios de bem estar, luzes amareladas para o fim do dia, para iniciar o processo de relaxamento; Plantas, sejam elas naturais ou permanentes, trazem o contato com a natureza que nos tem faltado; Cheiros que te remetam boas lembranças, ou então lavanda que também acalma e desestressa; E as texturas entram em almofadas, colchas, mantas, isso dá sensação de aconchego e acolhimento.

– Como está realizando o atendimento virtual para captar a essência dos clientes?

Leticia: O bate papo que acontecia presencialmente no início do projeto, está sendo realizado por vídeo chamadas. Nesse momento conversamos sobre como está o ambiente do cliente hoje, como ele se sente nesse lugar e os problemas que enxerga ali, falamos sobre sonhos, estilo de vida e gostos. Além disso, trocamos muitas imagens de referência para chegar no “clima” do ambiente. Essa troca não mudou, era uma coisa que já acontecia via Pinterest, WhatsApp ou Instagram mesmo.

– Quais mudanças são essenciais para um home office confortável e organizado?

Leticia: Escolher um local fixo, com pouca passagem e pouco barulho (tá, eu sei, às vezes é impossível, mas tente negociar com os outros moradores!);

Se esse lugar tiver iluminação natural, melhor ainda! E tenha sempre uma iluminação extra para quando o sol baixar;

Atenção a relação de altura entre a mesa e a cadeira. Escolher uma cadeira confortável, que deixe suas pernas dobradas em um ângulo de 90º. E a mesa deve permitir o apoio do braço até o cotovelo. Mas nada disso substitui pausas regulares para água, alongamento e banheiro.

Traga para seu home office objetos pessoais, um porta retrato ou planta, por exemplo. Ver boas lembranças também gera bem estar e felicidade. Se fosse seu escritório fora de casa você teria não é mesmo?!

Separar tudo o que você vai precisar utilizar, lápis, papel, computador, documentos. Para organizar utilize porta lápis, caixas organizadoras e pastas; Procure organizar também os fios, para evitar acidentes;

– Como planejar uma reforma atualmente, com quarentena e distanciamento social?

Leticia: Na minha opinião o maior desafio é escolher acabamentos, como revestimentos. A gente ainda tem muito a coisa do querer pôr a mão e tocar, sentir o material, o que não dá pra fazer via internet, apesar de todos os catálogos. O planejamento da execução das reformas tem que ser maior, com mais folga, porque com a pandemia os prazos de atendimento e entrega mudaram e precisamos estar preparados para possíveis imprevistos. É preciso também ter mais empatia com a entrada em condomínios e com os barulhos, pensando nas pessoas que estão em home office e isolamento também. Em relação a elaboração de projeto não senti que o distanciamento afetou, pois já é uma etapa realizada mais remotamente.

– A maioria da população acredita que contratar um arquiteto é um investimento alto, mesmo para os projetos mais simples. Como se adequar ao orçamento?

Leticia: Eu acredito que cada vez mais isso está sendo desmistificado. É claro que existem arquitetos de classe AA que tem um valor mais alto, mas também tem um grupo enorme de arquitetos que são mais acessíveis e que tem como propósito transformar vidas e não somente ganhar dinheiro. Além disso, hoje em dia existem diversos formatos de serviço, como consultorias express e o projeto online, que são serviços com valor mais acessível. A contratação de um profissional gera economia de tempo, de material e de retrabalho, além de tornar a execução da sua obra mais segura e acertada.A minha sugestão para quem está buscando um profissional é pesquisar nas redes sociais, veja o que o arquiteto está mostrando, como sãos os projetos dele, qual o perfil dele, interagir com ele e analisar se tem a ver com o que você está buscando.

– Quais são os objetos coringas que devemos adicionar à decoração?

Leticia: Mesas laterais (na sala, no quarto ou no office), pufes ou bancos (são multi função e criam assentos e apoios extra), quadros, adornos e almofadas (dão aquele toque final e “vestem” o ambiente).

– Quão complexo é um projeto para uma família de mais de 4 pessoas comparado ao planejamento de quem mora sozinh@?

Leticia: Não acredito que a definição da complexidade se dê pela quantidade de moradores (rs). Claro que “casar” o gosto e a rotina de 4 pessoas pode ser um desafio. Em contrapartida, às vezes a pessoa que mora sozinha tem um imóvel bem pequeno e precisa fazer caber a vida lá dentro. Para entender a complexidade de um projeto é preciso “sentir” os clientes, entender o que eles precisam. Existem pessoas que não sabem bem o que querem ou ainda não encontraram “seu estilo”, esse tipo de projeto leva um pouco mais de tempo para ser elaborado e precisa de mais atenção. Outras pessoas sabem bem o que querem e precisam só que a gente “amarre” tudo junto.

Outro fator que conta muito para analisar a complexidade é o imóvel. Se é um apartamento antigo que vai precisar de muitas intervenções de infraestrutura, como troca de tubulações e elétrica. Ou se é um ambiente novo e precisa apenas de pintura e mobiliário.

A combinação desses itens é que direcionam o entendimento da complexidade de um projeto.

– Quais dicas pode dar para quem está começando na área de “Arquitetura e Urbanismo”?

Leticia: Perseverança. É uma faculdade que demanda muita atenção e dedicação, do inicio ao fim.

É muito importante também se aprofundar em conteúdos que não são ensinados na grade da faculdade, como empreendedorismo, precificação, marketing e contabilidade.

Aconselho também escolher estágios em áreas diferentes, para poder ter diversas visões e experiências, e depois de formado ter um leque maior de possibilidades e assim escolher sua área de especialização (são muitas, viu?!).

– Quais estilos de arquitetura são fonte de inspiração para o seu trabalho?

Leticia: Eu sou adepta da casa viva, com essência, aquela que te acolhe e muda junto com você e a sua vida. Os estilos existem mas não acredito que devemos nos “prender” nem nos moldar a eles, em uma pessoa é possível ter diversos estilos juntos e isso é ok também.

Prego que cada pessoa é única e por isso seus ambientes também devem ser.

Procuro sempre analisar identidades dentro do ambiente e no cliente, tudo comunica: as cores, os objetos, os móveis, as roupas, acessórios e até a maquiagem!

A inspiração também vem muito da moda, que é uma vertente que tem tudo a ver com a identidade das pessoas, é um meio de nos comunicarmos, identificarmos e mostrar a nossa identidade.

– “O arquiteto é capacitado para otimizar espaços, qualidade, custo e tempo de uma obra. Ele idealiza o projeto de acordo com cada cliente e suas necessidades, de maneira personalizada’. Sendo uma facilitadora de sonhos, como realiza este atendimento com o cliente? 

Leticia:  A gente trabalha com o sonho das pessoas, entra na casa delas, no quarto, trabalha com o dinheiro delas. Precisa saber da rotina, dos gostos, das conquistas e das frustrações. É uma relação muito íntima e de uma responsabilidade enorme. Além de arquiteta, passamos a ser confidentes, um pouco terapeutas e amigos. É um relacionamento que deve ter empatia, carinho e afeto. A gente passa a sonhar junto com o cliente o sonho dele! Na minha opinião para ter sucesso em um projeto é preciso ter a sensibilidade de captar a essência do cliente e transmiti-la no seu ambiente.

– Qual projeto realizado até o momento trouxe sentimento de gratidão à profissão ao entregar ao cliente?

Leticia: Cada projeto é especial, ver as pessoas aproveitando seus novos ambientes e a transformação que eu ajudei a proporcionar me gera, toda vez, um sentimento de gratidão enorme por poder participar desses momentos. Digo que deixo sempre um pedacinho meu em cada projeto finalizado e levo um pedacinho dos clientes comigo.

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